Anuciando Esperança Que em Breve Jesus Voltará

Os adventistas e a política

Pr. Alberto Ronald Timm

Notícias sobre crises políticas e corrupções governamentais acabam polarizando a opinião pública dos países afetados. É curioso ver, de um lado, políticos questionáveis se fazendo de vítimas para continuar recebendo o apoio popular e, do outro lado, oposicionistas que aproveitando a situação para se autoproclamarem os únicos salvadores da pátria. A o mesmo tempo em que vários políticos tradicionais vão perdendo a credibilidade, algumas denominações evangélicas tem-se mobilizado politicamente, a ponte de montarem sua próprias bancadas em câmaras de vereadores, nas assembléias legislativas na Câmara dos Deputados e mesmo no Senado Federal, sob o pretexto de que os políticos evangélicos são mais honestos e confiáveis.

A crescente militância política evangélica tem suscitado algumas indagações importantes entre os próprios adventistas:
1ª) Deveriam os adventistas continuar politicamen te passivos ou assumir uma postu ra mais agressiva diante das crises governamentais?
2ª)Como a Igreja Adventista do Sétimo Dia encara a candidatura de alguns de seus membros a cargos políticos através de eleições públicas?
3ª) Que critérios devem ser usados na escolha dos candidatos em quem votar?

No capítulo “Nossa Atitude Quanto à Política” do livro Obreiros Evangélicos, págs. 391-396 (ver também Fundamentos da Educa ção Cristã, págs. 475-484), podem ser encontradas importantes orientações sobre o não envolvi mento de obreiros denominacio nais em questões políticas. Já o pre sente artigo menciona alguns con ceitos básicos sobre a posição dos adventistas como cidadãos, candi datos e eleitores políticos.

Organização apolítica

Exis tem pelo menos três princípios fundamentais que regem a posição da Igreja Adventista do Sétimo Dia sobre a política. Um deles é o prin cípio da separação entre Igreja e Estado, levando cada uma dessas entidades a cumprir suas respecti vas funções sem interferir nos ne gócios da outra. A Igreja crê que só poderá preservar esse princípio por meio de uma postura denomi nacional apolítica, não se posicio nando nem a favor e nem contra quaisquer regimes ou partidos po líticos. Essa postura deve caracteri zar, não apenas a organização ad ventista em todos os seus níveis, mas também todas as instituições por ela mantidas, todas as congre gações adventistas locais, bem como todos os obreiros assalaria dos pela organização.

A Igreja encontra nos ensinos de Cristo e dos apóstolos base sufi ciente para evitar qualquer mili tância política institucional. O cris tianismo apostólico cumpria sua missão evangélica sob as estruturas opressoras do Império Romano sem se voltar contra elas. O pró prio Cristo afirmou que o Seu rei no “não é deste mundo” e que, por conseguinte, os Seus “ministros” não empunham bandeiras políti cas (João 18:36). Qualquer com promisso político ou partidário por parte da denominação dificultaria a pregação do “evangelho eterno” a todos os seres humanos indistinta mente (Mat. 24:14; Apoc. 14:6).

Outro princípio fundamental é que o nível de justiça social de um país é diretamente proporcional ao nível de justiça individual de cada um dos seus cidadãos, e que esta justiça individual, por sua vez, deri va do interior da própria pessoa. Reconhecendo as dimensões so ciais do pecado, a Igreja apóia e mesmo participa de projetos so ciais e educacionais que benefi ciam a vida comunitária sem con flitarem com os princípios bíblicos. Muitos desses projetos são levados a efeito em nome da ADRA – Agên cia de Desenvolvimento e Recur sos Assistenciais. No entanto, a Igreja não participa de quaisquer greves e passeatas de índole políti ca e partidária que acabariam com prometendo sua postura apolítica.

A validade de uma perspectiva que parta do interior para o exte rior do ser humano é destacada por Cristo ao afirmar que “de dentro, do coração dos homens, é que proce dem os maus desígnios, a prostitui ção, os furtos, os homicídios, os adultérios, a avareza, as malícias, o dolo, a lascívia, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura” (Mar. 7:21, 22). Conseqüentemente, a solução cabal para esses problemas não está na mera formulação de novas leis ou no ativismo revolucionário, e sim, na conversão interior do ser humano. Nas palavras de Cristo, “limpa primeiro o interior do copo, para que também o seu exterior fi que limpo!” Mat. 23:26.

Um terceiro princípio funda mental é que cada cristão adventista possui uma dupla cidadania ele é, acima de tudo, cidadão do reino de Deus e, em segundo plano, cidadão do país em que nasceu ou do qual obteve a cidadania. Conseqüente mente, deve exercer sua cidadania terrestre com base nos princípios cristãos de respeito ao próximo. Mesmo desaprovando situações de injustiça e exploração social, a Igreja Adventista do Sétimo Dia procura se relacionar respeitosamente com o governo civil e os partidos políticos de cada país em que exerce suas ati vidades, sem com isso comprometer os princípios bíblicos.

Que o cristianismo não isenta os cristãos dos seus deveres civis é evidente na ordem de Cristo: “Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus.” Mar. 12: 17. O Novo Testamento apresenta várias orien tações a respeito do dever cristão de honrar os governos civis como instituídos por Deus (ver Rom. 13:1-7; Tito 3:1 e 2; I Pedro 2:13 17). Somente quando tais governos obrigam seus súditos a transgredi rem as leis divinas é que o cristão deve assumir a postura de que “an tes, importa obedecer a Deus do que aos homens”: Atos 5:29. Fonte: Advir.com

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