Igreja de portas abertas para os homossexuais
É possível deixar de ser homossexual como se desliga um botãozinho? A nova Igreja Inclusiva do Recife entende que não. E ela abre as portas para gays e lésbicas que sentem vontade de seguir a Cristo, mas enfrentam barreiras em outros templos religiosos, sejam católicos ou evangélicos.
Segundo Timóteo Reinaux, as "deformações" de caráter vão sendo modificadas aos poucos, por Deus, e não por nós. Foto: Alcione Ferreira/DP D.A Press
O alvo prioritário é a minoria que se afastou do convívio com Deus ao ser vista com preconceito por outras religiões. A maior diferença da Inclusiva e de outras cristãs tradicionais é que ela não defende a "cura espiritual" para quem gosta de alguém do mesmo sexo e aceita todos os públicos. Ao contrário do que se pode imaginar, a doutrina não é permissiva a tudo. Para entender o que ela prega, é preciso ir além das palavras grafadas na Bíblia atual e se permitir a novas interpretações sobre o contexto histórico no qual os textos foram escritos há mais de três mil anos.
O objetivo prioritário é resgatar aqueles que abandonaram as igrejas tradicionais e passaram a ter uma vida descompromissada com os ensinamentos de Cristo.
Sim, eles estão abertos a qualquer um que esteja disposto a buscar uma mudança de vida, como abandonar a bebida em excesso, as drogas, o sexo promíscuo, o adultério, entre tantos outros. "As deformações de caráter vão sendo modificadas aos poucos, por Deus, e não por nós", afirmou Timóteo Reinaux, obreiro da CCNE. Ele morava em São Paulo, onde frequentava um templo da mesma denominação. Chegou ao Recife neste ano para abrir uma célula.Para ser membro de ambas as denonimações, é preciso professar a fé em Cristo, participar do estudo da Bíblia e dos cultos. E só então ser batizado nas águas. Depois de cumprir todas as etapas, pelo menos por um dos cônjugues, é permitido o "casamento", ou bênção matrimonial para casais do mesmo sexo. À essa altura, o leitor pode estar se perguntando, com base no que ouviu de geração em geração: "mas a homossexualidade não é pecado?" Para as Igrejas Católicas e Evangélicas do Brasil, a resposta é sim. Sentir prazer sexual com alguém do mesmo sexo é visto como "abominação" (toebah). Mas a Igreja Inclusiva Cristã entra nesse debate de forma diferente.
De acordo com Bruno Lima, a frase exemplifica um conjunto de rituais que condicionava as atividades sacerdotais dos levitas, homens que tinham a tarefa de cuidar do templo. A palavra "toebah" significa sacrilégio e, em outros momentos, é usada no sentido de ritual. "Os capítulos 17 a 26 faziam parte de um documento denominado código de santidade, que tentava condenar práticas comuns entre os cananitas, povo que adorava o deus moloque e a ele prestava rituais de idolatria", afirmou, acrescentando que, na época, era muito comum a realização de sexo entre homens cananitas durante culto a deuses estranhos. Por isso, de acordo com Bruno Lima, precisava ser tão ressaltado para que os levitas não fizessem o mesmo. "O que Deus proibia era o sexo promíscuo e feito em rituais", frisou.
Fonte: Diário de Pernambuco
alinemoura@dabr.com.br
NOTA: Disse Jesus: Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela; e porque estreita é a porta, e apertado o caminho que conduz à vida, e poucos são os que a encontram. Mateus: 7:13 e 14
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